16 agosto 2004

Elogio ao Grotesco

Não sei se é a nossa geração, se tem a ver com a contracultura dos anos 60, com o movimento Punk, ou se é só o karma da juventude, mas já repararam como adoramos coisas sórdidas? Se um filme acaba com um final feliz, achamos "bobinho", "superficial" e "maniqueísta". Agora, se o fim é a là Dançando no Escuro, dizemos que é "arrebatador", e que "faz pensar". Por que essa adoração ao mórbido? Buscamos ser agredidos em livros. Queremos nos deprimir com poesia. Ser sacudidos em filmes. Nos torturamos com música. Quase como num Clube da Luta, onde entramos porque queremos apanhar. Não conheço muita gente da minha idade que discorda muito dessa lista:

José de Alencar - chato
Edgar Allan Poe - legal

Olavo Bilac - chato
Álvares de Azevedo - legal

Kenny G - chato
Black Sabbath - legal

Capitão América - chato
Wolverine - legal

As Pontes de Madison - chato
Laranja Mecânica - legal

Será que tem a ver com a rebeldia da juventude em querer ir contra todos os princípios que aprendemos com os pais? Será que gostamos do amargo porque ele nos faz aproveitar melhor o doce? Adoramos quebrar regras, desafiar o sistema, derrubar paradigmas, enfim, queremos ser diferentes. E por que ainda assim queremos estabilidade financeira, uma família, plantar uma árvore? Nos arrependemos de nossa rebeldia? Eu me incluo 100% nesse perfil e a resposta que mais me agrada é a de que queremos achar novos meios de fazer coisas velhas, o tal inconformismo. Mas falta muita coisa ainda.

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