21 junho 2004

Dos idiomas

Acabo de ver O Quarto do Filho, filme italiano muito, muito bom, o que me fez pensar como um idioma pode ser tão bonito, tão sonoro quanto o italiano. Dá pra perceber logo no título do filme: La Stanza del Figlio, claro, falado com aquela musicalidade típica de dono de cantina é bem mais interessante que o quarto do filho ou the son's bedroom (que, aliás, é horrível). Em italiano as palavras saem redondas, inteiras. Cada sílaba é pronunciada. Nesse sentido, até o português é bom, se formos comparar com a malemolência do espanhol, falado com aquela língua solta que não pronuncia os vês ou bês, e, como o inglês, troca os dês por erres bem fraquinhos (todo vira toro como pitty vira piri).
Inglês, por falar nisso, sempre me incomodou. Palavras duras, curtas, feias, seriam ideais para xingamentos, se não houvesse os idiomas mães dos nomes feios, o primo alemão e o ríspido russo. O inglês deve ser bom pra alguma coisa... rock e blues por exemplo.
Acaba de me ocorrer, se eu pudesse usar um idioma pra cada ocasião, seria mais ou menos assim:
Fala normal: fiquemos com o português, por conveniência
Sussurrar: francês, sem dúvida
Gritar, lutar: fácil, japonês
Xingar: Russo (filho de um Svidrigáliov!!)
Dar bronca: Alemão
Contar uma história, cantar, ser gentil com alguém: Italiano
Contar piada: Hebraico (aquele monte de shhh já é engraçado sozinho, querendo dizer algo então, deve ser hilário)
Discutir com alguém: Árabe (quase tão eficiente quanto o japonês na hora de gritar)
Confundir alguém: Chinês (troque uma letra em "o gato está dormindo" e você arranja "estou com hemorragia")
Sugestões?

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