04 janeiro 2006

Fear and Loathing in Rio de Janeiro

Diário de missionário, Rio de Janeiro, 21 de Julho de 2003
Encarem isso como o filme Lost in Translation. Não é um tratado oficial sobre um lugar estrangeiro, é apenas uma fatia de cotidiano subjetivo.
Depois de quase cairmos num buraco de uns 5m de profundidade que simplesmente brotou no meio da calçada, percebemos de quantas nós escapamos todos os dias. Segue uma breve lista:
  • Queimaduras de terceiro e quarto graus por causa do sol;
  • ser atropelado no meio da rua por ônibus, moto, carro ou caminhão;
  • ser atropelado no meio da calçada por ônibus, moto, carro ou caminhão;
  • ser atropelado dentro de casa por ônibus, moto, carro ou caminhão;
  • cair num estrategicamente colocado no meio da calçada;
  • cair do alto de um morro;
  • cair em um valão (um canal de esgoto a céu aberto);
  • beber água contaminada;
  • comer comida contaminada;
  • ser mordido por um mosquito contaminado;
  • ser mordido por um cachorro doente;
  • ser mordido por um rato doente;
  • ser mordido por uma criança doente;
  • urina de morcego na cabeça (sim, aconteceu comigo);
  • estar no lugar errado na hora errada e levar um tiro certo;
  • não informar as horas com um sotaque suficientemente engraçado e levar um tiro;
  • levar um tiro sem motivo;
  • intoxicação por causa da poluição;
  • intoxicação por causa da fumaça de pneus queimados;
  • ser atingido por um balão de São João e morrer em chamas;
  • ter a cabeça decepada por linha de pipa;
  • ser mordido por uma lacraia no chuveiro;
  • morrer com a explosão do chuveiro;
  • morrer com qualquer outro tipo de explosão;
  • ser atravessado por um vergalhão enferrujado pendente de um muro qualquer;
Mas nós concordamos que a maneira mais interessante de se morrer no Rio é tentar pronunciar porrrrrrrta com o sotaque deles e engasgar com a própria saliva.

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