Algumas pessoas merecem ser cumprimentadas no post-mortem. Pessoas que, como se diz, estavam séculos à frente de seu tempo. Parei pra pensar em alguns, e me lembrei de quatro. Os quatro viveram nos últimos anos do século XIX e início do XX, o que me leva a crer que esse período foi séculos à frente de si próprio. O que não faz muito sentido.
Pois bem, três deles, lá no post-mortem, devem ter filas quilométricas de admiradores todos os dias querendo cumprimentá-los (coisa que não deve ser muito problema, tempo eles têm): Os irmãos Lumière e Thomas Alva Edison. Listar todos os inventos e conseqüências dos inventos dos dois seria longo e cansativo, basta pensar que, se não fosse por eles este blog seria mimeografado (se bem que Edison inventou uma ferramenta que auxilia na velocidade do mimeógrafo), e todos ficariam cheirando as folhas por causa do álcool.
O terceiro personagem (ou a terceira personagem, como gostava minha professora de português), apesar do prodígio e talento, é praticamente um desconhecido da maioria. Winsor McCay era desenhista. Ele desenhava histórias em quadrinhos em jornais. Revolucionário, não? Sim, revolucionário. Ele fez coisas assim e assim. Ele fez o primeiro curta de animação, 4 mil desenhos à mão, incluindo o cenário. Ele excursionava para mostrar seus trabalhos pelos EUA e interagia com os desenhos, conversando com Gertie, a dinossauro, ao vivo. Ele influenciou a arte sequencial como poucos, ele merece um aperto de mão.
Acho ótimo quando descubro que tal personalidade escreveu sua grande obra, fez seu grande filme ou aprendeu a profissão na qual se tornou mestre, com mais de trinta anos. Little Nemo in Slumberland saiu quando McCay tinha 38 anos. Isso me dá esperança de ainda produzir alguma coisa útil. Odeio Mozart e seu virtuosismo de 4 anos de idade. Odeio Álvares de Azevedo, que já tinha escrito a obra de sua vida e até morrido com a minha idade. Não vou cumprimentá-los no Limbo. Vou ficar admirando, de longe... Mesmo porque, ouvi dizer que Mozart é meio excêntrico e não gosta de apertos de mãos.
Pensando agora, lembrei de mais um punhado de memoráveis desse mesmo período: Alexander Graham Bell, Albert Einstein, Sigmund Freud, Santos Dumont, Henry Ford... Boa safra.
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