O mundo está cada vez pior. Na minha época o mundo era diferente. Não tinha essa violência toda.
Não tinha? Quer dizer que não havia roubos, assassinatos sanguinários, estupros, suicídios, lugares perigosos, pobreza? Álvares de Azevedo foi mais criativo do que se imagina, então, já que ele "inventou" atrocidades do nível da necrofilia, que aconteciam aqui mesmo, em São Paulo. E na antiguidade então, nem se fala. Tem tanto massacre descrito na Bíblia e em outros registros antigos que faz qualquer grupo decapitador iraquiano parecer os irmãos metralha e o Bin Laden, o Bozo.
O fato é que hoje nós ficamos sabendo do que acontece no mundo. O acesso à informação é muito maior, e isso nos dá a sensação de que o mundo é o nosso quintal. Eu assisti às torres gêmeas caindo, ao vivo! Foi tão próximo! Mas espera, eu nunca vi o World Trade Center. Nunca fui a NY pra conferir. O incrível é que posso ver pela tv o quanto mudou a paisagem da região, ou pior ainda, posso até sentir o vazio que ficou no lugar, posso sentir que tudo ao meu redor mudou depois daquele dia, sem nunca, nunca ter posto o pé na Big Apple. Se eu vivesse num lugar ou época sem comunicação de massa, pra mim um incidente daquele não ia ter a menor diferença.
Ah, a ignorância salvadora... se eu não sei que aconteceu, então não aconteceu.
Assim, pra quem vê Cidade Alerta, São Paulo é a selva de pedra antro da violência e da tragédia. Pra quem acompanhou as comemorações dos 450 anos da cidade no início do ano, a cidade é bonita, cosmopolita, educada, cultíssima, e é até rica em áreas verdes. É a mesma cidade. É o mesmo mundo.
Pensando bem, sim, a violência mundial aumentou bastante. Mas a bondade e a solidariedade também. A população foi quem cresceu. Agora são mais de 6 bilhões escolhendo fazer coisas boas e ruins, as chances de atrocidades acontecerem são as mesmas das boas ações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário