18 setembro 2004

Decifrando garatujas

Mais uma (tava demorando!) do meu diário de missionário, 29/ago/2003
Vivemos num mundo de símbolos. Riscamos algumas linhas no papel e dizemos que elas representam algo tão simples quanto uma pedra ou tão grande quanto deus. Essas marcas no papel podem não ser tão bonitas ou tão parecidas com o que elas representam, mas ninguém reclama disso. E nem fica só nisso, a própria imagem que chega aos nossos olhos não é mais que luz refletida no objeto que vemos e nosso cérebro simplesmente associa que aquela luz o representa. As "provas concretas", tão necessárias para a ciência, não são mais do que símbolos que convencem os cientistas de tal e tal fato. Muitas vezes são bem sutis, como provar a existência de um planeta apenas através de um pequeno desvio na órbita da estrela que o sustenta.
Seguindo o mesmo princípio, por que ver a Deus seria a prova cabal da existência dele? Ele provê muito mais símbolos que representam sua existência, muito mais coisas que atestam (simbolizam) que ele existe. Sim, a interpretação depende da leitura. Assim como o planeta lá de cima. Acredito que só precisamos nos adequar a esses símbolos, saber interpretá-los como uma criança se adapta ao alfabeto. Nascemos num mundo onde as regras sociais já estão traçadas (o alfabeto já estava por aí em 1982). Idem para as regras naturais. A questão é saber onde procurar.

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