Belo debate o de ontem da Marta versus Serra. Um tentando jogar areia nos olhos do outro a cada pergunta. Seria engraçado se não fosse tão previsível. Não é exatamente um debate de opiniões, é mais uma tentativa de expor o máximo possível de argumentos, fundamentados ou não, a favor de um e contra o outro antes que cortem o som do microfone. Sim, é um jogo sujíssimo, mas uma vez que na democracia governa quem conquista mais gente, a jogada é válida.
Mas será que conquista mesmo? Acredito que a principal função desses debates acaba não sendo aumentar o número de partidários, mas sim fortalecer os atuais eleitores. Sim, porque quando tucanos ouvem a petista embonecada falando, automaticamente uma espécie de filtro se instala, o filtro de “eu sei que ela só vai falar bobagens, então vamos ver aonde eu posso quebrar o argumento dela”, um filtro preconceituoso, a tal ponto que nada de bom vai ser absorvido. Por outro lado, quando fala o tucano-mor de sorriso amarelo, outro filtro, também preconceituoso (num “bom” sentido, neste caso), aparece – o filtro do “olhe como ele vai acabar com os argumentos fracos dela e se mostrar o melhor candidato sem nem suar”, e nenhum deslize dele vai ser levado em consideração. Exatamente o mesmo - obviamente de forma inversa - acontece com os partidários da prefeita. Acabamos por ouvir quase que somente o que queremos ouvir, e relevamos qualquer informação desagradável. E isso em qualquer situação. Se sou fumante e defensor dessa indústria, por exemplo, vou ver qualquer manifestação anti-tabagista com um sorriso cínico no rosto, procurando falhas e incongruências em suas propostas enquanto recebo com prazer qualquer defesa, mesmo que fraca, ao meu modo de pensar.
Assim, sem idoneidade no julgamento, nosso mundo se torna menor, e a possibilidade de sermos surpreendidos com um argumento mais sensato da oposição aumenta bastante. Moral esopiana: Antes de condenar o lobo, tente vestir a pele dele por um tempo.
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