05 janeiro 2005

Escreveu, não leu...

O interior tem suas vantagens. Uma delas é ter uma cachoeira perdida no meio de um canavial, 40 minutos distante da porta de casa. Ficar debaixo daquela água toda é uma terapia e um desafio. Junto com velhos amigos, então, fica mais divertido.
Divertido também é encerrar a manhã com as famosas coxinhas douradas de Bueno de Andrada. Sim, são famosas. São muito boas também. E são levemente douradas. Ficaram famosas quando o ilustre araraquarense Ignácio de Loyola Brandão dedicou-lhes uma crônica do Estadão, em 2001. Ficaram boas provavelmente quando ficaram douradas.
Enfim, filosofamos no bar das coxinhas naquele distrito bucolicamente esquecido de Araraquara, enquanto aguardávamos tão fina iguaria. Aguardávamos porque tínhamos pedido treze coxinhas, tiveram que fritar na hora. Aproveitei para ler a crônica, devidamente ampliada e emoldurada na parede do boteco. Infelizmente só achei uma versão dela para assinantes do Estadão, mas, quem se importa? Nem é tão brilhante assim... Em todo o caso, existe a comunidade das coxinhas no Orkut. Bom, li a crônica inteira, coisa de uns três minutos, e quando me virei, lá estava o velhinho, bermuda branca de médico à paisana, camiseta polo, sobrancelhas gigantes e brancas, com meia coxinha na mão, falando com a bajuladora dona do bar. Pediu mais cinco coxinhas. Ela calmamente pegou as que estavam no nosso prato esperando as outras e deu pra ele dizendo, "Ah, se é pro Loyola é pra já!". Sim, fomos roubados por um escritor famoso. Quantas pessoas podem dizer isso? Ainda por cima no próprio cenário de sua crônica!
Estou lendo umas histórias do Dostoiévsky, vou tomar muito cuidado, não quero nenhum russo mexendo no meu strogonoff.

Um comentário: