Somos um bando de porcos elitistas. Sim, toda essa história de ser contra a indústria cultural de massa (leia-se ser contra a britney e o cpm22) na verdade é medo de cair do pedestal. Quantas vezes já ouvi (e falei) coisas do tipo, pô, o som dos caras é bem legal, mas tá passando até na mtv... é claro que não gosto de banalização e continuo achando que ouvir another brick in the wall seis vezes por dia pode não deixar a música ruim, mas é, no mínimo, um desrespeito com o propósito da canção, que é dar um chute no estômago da sociedade.
O grande mal é que parece que nos ofendemos quando uma música, filme, ou livro cai na boca do povo. Antes ele era só meu, agora eu tenho que dividir com eles? Como assim? A gente não vive dizendo que quer ver mais cultura na tv? Estive pensando em um exemplo de boa programação que fez sucesso. Pra mim, nada foi mais importante que os programas infantis da cultura. Do Ra-Tim-Bum ao Beakman, eles formam boa parte da minha bagagem cultural até hoje. Daí na USP eu encontro um monte de gente que também não perdia um Mundo da Lua, que adorava ouvir o Marcelo Tas (e continua acompanhando até agora) e que vivia repetindo as piadinhas sarcásticas do rato Lester. Parece que fez sucesso, e essa legião toda está relativamente bem encaminhada.
Não pode ser tão ruim assim encher o povo de Radiohead, que, diga-se de passagem, eu só conheci naquele comercial do Carlinhos. Tente não se indignar quando passar o caminhão de gás tocando Für Elise, na melhor das hipóteses alguém gosta tanto que vai atrás de aprender piano. Na pior, agradeça por não ser alguma da Ivete Sangalo.
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